O assunto ainda não é unanimemente aceite ou compreendido entre todos nós. Contudo para as futuras mães (como eu) é um tema que nos tira algumas horas de sono.
Numa primeira fase, parece-me que a decisão está desde logo tomada, se houver capacidade financeira, obviamente que nem eu nem outras mães ire-mos abdicar da preservação das células estaminais.
Acima de tudo trata-se de uma questão de consciência, obviamente se tiver capacidade de aderir a tal processo e não o fizer, vou arrastar comigo durante o resto dos meus dia a angústia de tal vir ou não a ser necessário, e já não quero pensar se efectivamente algo de mau vier a acontecer, aí não sei o que iria fazer….
Mas antes de mais quero deixar claro que vou fazer a crioperservação das células estaminais, não porque os médicos me dizem que é um seguro de vida, mas sim porque a minha consciência assim o exige, e felizmente tenho alguma capacidade financeira, ainda que pouca.
Todavia, decidi falar sobre o tema em título, porque nos meus instantes de reflexão e pesquisas efectuadas, muitas suspeitas se levantaram:
Quem me garante que só eu ou os meus é que vamos beneficiar das células crioperservadas?
Os laboratórios dizem que só os pais, ou filhos (depois de atingirem os 18 anos) o podem decidir.
Será mesmo assim?
Obviamente que, se os meus filhos, eu, o meu marido ou os meus familiares, não precisarem, estaremos disponíveis para as ceder a quem precise, e aqui não se colocam entraves a raças, etnias ou religiões.
Porem, vou levantar mais uma “lebre”. Será que se uma qualquer família poderosa e abastada, precisar das minhas células estaminais (por serem compatíveis) e acenarem com muitas notas aos responsáveis do laboratório, as mesmas não serão “vendidas” e posteriormente me comunicarão que houve um problema qualquer e as ditas células foram destruídas? Não quero pensar nisso, mas todos sabemos como (infelizmente) funciona o nosso País! Olhemos para os casos Freeport, SIRESP, Casa Pia ou Apito Dourado….
Há ainda outro aspecto que me deixa preocupada, será eticamente correcto os laboratórios de crioperservação mexerem com o que demais intimo/precioso temos?
Obviamente, e agora vou-me repetir, não há pais que (tendo possibilidades) não façam a criopreservação, mas parece-me incorrecto que os laboratórios não clarifiquem o processo.
Apurei (em algumas pesquisas que efectuei) que não é certo que seja possível preservar as células durante os períodos vendidos, 20 ou 25 anos! Porquê os laboratórios ocultam esta informação? Será por interesse económico? Talvez…
Será então que não serve para nada a Crioperservação?
"Nestes milhares de sacos de sangue congelado em todo o mundo há três casos de sucesso, portanto, não se pode dizer que não serve para nada, mas o que se pode dizer é que a probabilidade de utilização é muito baixa e, provavelmente para todos os casos, há alternativas"
(Manuel Abecassis, responsável pela unidade de transplantação de medula óssea do Instituto Português de Oncologia)
Para concluir, vou deixar algumas definições para que se consiga perceber, claramente o que são células estaminais e o que é a criopreservação.
O que são células estaminais?
As células estaminais são células que:
- São indiferenciadas e possuem capacidade de se dividir indefinidamente
- Podem diferenciar-se dando origem a diversos tipos de linhagens celulares
- Possuem o potencial de se tornarem células maturas com características e funções especializadas, como por exemplo, células nervosas, células cardíacas, células da pele, do sangue, do osso e da cartilagem.
O que é o processo de criopreservação?
A criopreservação é um processo de congelação a temperaturas criogénicas (normalmente recorrendo a azoto líquido). As células estaminais para se manterem viáveis por vários anos têm de ser preservadas a temperaturas abaixo dos 180ºC graus negativos.O processo de armazenamento das células estaminais inicia-se com a redução de volume da amostra. Neste processo são separados os glóbulos vermelhos e o plasma pobre, das células estaminais. Esta redução é efectuado de forma a diminuir o volume final de armazenagem e permitir utilizar menores quantidades de DMSO (um criopreservante que impede a destruição das células a temperaturas baixas).
Mónica Filipe - TT02
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