quinta-feira, 8 de maio de 2008

FOME E ESCASSEZ DE ALIMENTOS

“Fome e escassez de alimentos”

Nos últimos tempos, tem-se falado muito sobre a problemática da escassez de alimentos a nível mundial ou global, nomeadamente no que toca aos cereais considerados “nucleares” devido à sua importância no fabrico de diversos derivados usados no consumo humano até às rações de consumo animal.
Este tema tem sido abordado e analisado por diversas personalidades ou entidades mais ou menos especializadas, de diferentes áreas do conhecimento, na tentativa de analisar e perceber as razões porque se chegou a esta situação e provavelmente também dar indicações ou vislumbrar saídas para a resolução desta crise de modo a evitar consequências graves ou catastróficas de ordem puramente humanitária até de ordem política e social e que segundo alguns já vão surgindo sinais, nomeadamente em regiões mais fragilizadas que por razões diversas, grande parte das populações têm um nível de vida muito próximo do limiar de pobreza ou mesmo abaixo.
Relativamente às causas parece ser consensual que estas têm a ver com o aumento de consumo provocado pelo crescimento económico de países com peso significativo em termos populacionais a nível mundial, como China e Índia. Por outro lado algumas regiões com importância e peso na produção de cereais para a alimentação, derivaram a produção de cereais para fabrico de “bio combustíveis”, uma vez que esta actividade passou a ser incentivada pelos respectivos governos dos diferentes estados, através de subsídios, tendo em conta a necessidade premente de redução de emissão de gases carregados de metais pesados devido à excessiva utilização de combustíveis de origem fóssil tal como o “petróleo bruto”. A tudo isto e de acordo com alguns entendidos e observadores atentos, acresce-se o facto de algumas regiões com peso significativo na produção mundial de cereais, como a Austrália, que devido a problemas climatéricos, como a seca, viram a sua produção normal reduzida quase para metade.
Para mim, consequentemente, todos estes pressupostos focados e eventualmente outros existentes, provocou um aumento do preço daqueles produtos, uma vez acaba por imperar ou funcionar a lei da oferta e da procura. Por outro lado e devido à importância estratégica e económica que a alimentação tem nas relações de interesses entre os países, actualmente os preços de muitos destes produtos são estabelecidos nas principais bolsas de capitais e fundos de investimento monetário. Com isto tudo junto chego à conclusão que estão reunidos todos os “ingredientes” que levarão a situações de tensão social interna em alguns países ou estados devido à dificuldade de as populações em aceder a bens essenciais provocado pelo elevado custo dos mesmos. Se a situação não se inverter no sentido positivo, e chegarmos à situação de escassez global dos mesmos produtos, poderemos mesmo atingir situações de tensão entre estados ou países, e historicamente é sabido que a questão alimentar já levou a conflitos militares.
Alguns estados bem organizados e com preocupações futuras, desde sempre procuraram acautelar reservas estratégicas precavendo-se para cenários de crise, tal como o fazem relativamente à questão energética. Outros actualmente já pensam seguir esse exemplo o que também provocará uma pressão maior na procura e logo à subida do preço e escassez. Também alguns países asiáticos grandes produtores de arroz, pensam já criar uma organização similar e à que existe para o petróleo “OPEP”, para controlarem a produção do dito cereal.
Perante todo este cenário, ainda não consegui vislumbrar ou ouvir por parte de quem de direito e com conhecimento na matéria, quais as soluções imediatas e futuras para inverter os previsíveis acontecimentos. Alguns críticos acham que é um tremendo erro utilizarmos aquilo que é um recurso alimentar humano para alimentarmos os motores dos automóveis, e isto leva-nos a uma encruzilhada, já que também é imperativo substituirmos os combustíveis de origem fóssil, por combustíveis menos poluentes tal como os “bio combustíveis”.
Para já o que se verificará de imediato, é o facto de que em estados mais desenvolvidos e com um nível de vida mais elevado, a escassez dos cereais e o consequente aumento geral da alimentação terá impacto negativo junto das pessoas com menores recursos, e os governos, eventualmente com a tomada de mediadas de ajuda específica poderão ultrapassar ou minorar os efeitos negativos decorrentes ou apontados. Quanto aos outros que já são débeis economicamente e socialmente em que a maioria da população vive no limiar da pobreza ou mesmo abaixo, já correm algumas notícias da existência de situações de fome generalizada e os consequentes conflitos, que vão desde as revoltas e lutas internas, que poderão descambar em guerra civil.
Esperemos que as coisas não se agravem mais e que organismos internacionais, tal como a “ONU” e ou através da “FAO (Fundo para Alimentação)”, ajudem a encontrar os caminhos correctos para ultrapassar este grande constrangimento e ao mesmo tempo um desafio que mais uma vez põe à prova a humanidade e a sua inteligência.
Não quero terminar sem antes afirmar que depois de tudo o que transcrevi, com base em opiniões e notícias recentes, acreditando que o tema é de primordial importância, mas estranhando que todos estes acontecimentos e cenários não tenham sido previstos por quem de direito, uma vez que os factores, que inicialmente apontei e que agora muito nos preocupa, vinham já acontecendo desde há muito e não num curto espaço de tempo como pode parecer à primeira vista.





José Augusto de Jesus Figueira

TT 01/08

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