segunda-feira, 12 de maio de 2008

Suposta Escassez de Alimentos

Acordou agora o mundo! Acordou agora a denominada “Aldeia Global”!
Chegou agora ao conhecimento dos ilustres intelectuais, politicos e pensadores deste planeta que se quer global, que pode no futuro não haver alimentos para colmatar as necessidades da população mundial!
Há dias na televisão estatal houve até, atentem bem no que vos vou contar meus caros, um debate, num conceituado programa de “quase horário” nobre, que supostamente faria a opinião publica reflectir sobre este problema. Estiveram presentes como oradores principais, o Ministro da Agricultura Dr. Jaime Silva; outro representante do estado português cujo nome não me recordo, e três representantes de confederações agrícolas, que creio eu, eram a voz dos agricultores, da produção agrícola nacional. Fiquei feliz, a sério, não pensem que sou sadomasoquista, fiquei feliz não pelo problema em si como é obvio, mas porque pela primeira vez de há alguns anos para cá foi dada a voz em prime time á produção agrícola portuguesa, foi dada a voz aos porta-vozes dos agricultores. Pela primeira vez foi despertada a atenção á população citadina e afastada há muito das origens agrícolas que lhe fornecem os alimentos de que os agricultores são elementos importantes da sociedade e não são só os “bimbos” que vivem na provincia a pastar cabras, talvez agora as crianças possam entender que as ervilhas não surgem por milagre dentro dos pacotes de ultracongelados e que os ovos não aparecem por milagre dentro das caixas de papelão forte decorá-das com galinhas pintadas. As galinhas existem mesmo e para viveram têm de ser alimentadas e para isso alguém tem de lançar as sementes á terra, cuidar das plantas, colhê-las e transformá-las para que os animais se possam alimentar delas e assim produzir ovos e carne e leite e tudo o mais que é vital á sobrevivência humana. A agricultura tem de deixar de ser vista como um parente pobre da economia, a agricultura é um dos sectores base de toda e qualquer economia. Só quando se prevê que pode faltar a paparoca - Aí Jesus, o que fazemos se não houver alimentação? Aí pensamos nos tais dos agricultores há muito esquecidos, mas que mesmo assim têm conseguido sobreviver por si próprios, sem atenção nem ajuda de ninguém. – Então e os subsidios? Os milhões que têm posto ao bolso? Seus subsidio - dependentes! Pergunta já o intelectual citadino. Não fiquem por aqui meus caros, tenho resposta para vocês, não vos temo de forma alguma!
Durante os ultimos anos a agricultura passou sempre ao lado da opinião publica, porque pura e simplesmente, desculpem-me a expressão, estava-se nas tintas para isso, queria era alimentos baratos, não se preocupando se para que isso pudesse acontecer haveria noutro qualquer ponto do país ou do mundo populações rurais no limiar da pobreza. Os sucessivos governos dos ultimos anos têm obedecido cegamente ás permissas que mais convinham á união europeia e que na grande maioria das vezes era contrária aos interesses dos agricultores portugueses. A união europeia, nos primeiros anos, em termos de cereais, que é o que mais preocupa a opinião publica no momento, pagou para não se produzir, havia uma percentagem da exploração que tinha obrigatóriamente de ficar de pousio, ou seja, não podia ser cultivada. Nos ultimos anos pagavam uma determinada verba baseada naquilo que o agricultor tinha produzido nos ultimos três anos, e este não tinha sequer de cultivar as terras. Era um incentivo á não produção, há dependência de países terceiros. Mas mesmo assim muitos agricultores teimavam e ainda semeando na mesma, vendendo a 0,10€/Kg de trigo, para que aquela velha frase – “Agricultura é arte de empobrecer alegremente!” possa ter ainda um fundo de verdade. A ideia de fundo destes ultimos anos da Politica Agrícola Comum, era a de que os agricultores deveriam ser simples guardiões da natureza, mantinham tudo “limpo e arrumado” para o turista ver. Mas meus caros, esta crise de que se apercebem agora era inevitável, ninguém vive só de olhar para a natureza por mais bela e verdejante que ela possa ser. A Terra deve produzir! È assim que se alimenta o Mundo! Quanto aos subsidios, ainda não esqueci, recebiam-nos para que não voltasse ainda mais dinheiro para a União Europeia, para que pudessem ainda sobreviver ao aumento dos factores de produção, para puderem aguentar a sua crise, crise esta que nunca ninguém quis ouvir!
Uma ultima verdade – Portugal é o país da União Europeia que mais dinheiro devolve daquele que recebe para a Agricultura! E isto meus caros, a comunicação social não divulga, porque não é politicamente correcto!
Uma palavra para os descansar – Enquanto deixarem os Agricultores cultivar as suas terras, garanto-vos não haverá escassez de alimentação!


Luis Manuel
T 1 08

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